quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

EMPODERADA

Eu poderia falar do tempo, da paixão que já vivi ao relento,
Quando brincava com fogo em minhas mãos,
Das madrugadas que não dormia por dor, e que - ressentida
Fizeram que eu partisse e só retornasse pelo teu amor.
Eu poderia recordar alguns anos sombrios, quando calafrios
Faziam parte das minhas angústias, me prendiam, sufocavam
E a boca amortecida calava -  eu me via ali ferida viva e feria
Como o vento cortante que amortecia em alguma latrina.

Caminho hoje entre águas, sem mágoas ou ressentimentos
Fiz as pazes com o sublime dos ventos, reneguei escritos.
Deleguei o fogo aos aflitos, fiz-me senhora das minhas decisões.
É explícito que meus dias são feitos de paz, essa sequiosa
Dos beijos da tez de jambo.
Hoje eu não ando, eu flutuo apesar da forma,
Da candura que me contorna,
Desse corpo transformado pelo milagre da vida.

Eu poderia trazer algum eu lírico, como tantos já vividos,
Nas linhas que contornaram a minha desilusão comigo,
Recorrer a algum amigo e falar de algum arrependimento,
Dos lírios dos campos que ainda restam ser vistos.
Mas eu hoje sou só o espelho do desvelo que trago dentro,
Quando reflito o amor que recebo além do tempo,
Livre da obsessão de um futuro que eu nunca soube se seria vivido
Eu hoje me contento com o meu cotidiano, meu mágico agora!
Meu divino!!!

E espero que possa vivê-lo  a cada segundo
Na intensidade sublime, senti-lo!
E que  eu não me resuma a regras determinadas
Ou que use a desculpa do destino
Que já sou bem mais do que esperava
Quando pensava que controlava o tempo

Escondido num sorriso de menino.

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