terça-feira, 18 de dezembro de 2012

QUANDO BEIJEI AQUELA ROSA




Da máscara ao espelho escondi-me de meus pesadelos,
E sem paralelos fui feliz num lapso inexorável de tempo.
O vermelho intenso era o lenço do adeus aos maus amores
Quando escolhi a mim e olhei além das flores e seus espinhos.
Redemoinhos de vento foram a prisão dos meus pensamentos,
Mas quando recobrei a fala, ainda que sangrassem meus lábios
Cantei com o rouxinol faz a corte a sua amada.

Tudo ou nada - pouco importa - quando fui à porta das ânsias
E entreguei cada uma das minhas beligerâncias fui liberta.

Hoje caminho como se fosse pluma, rápida como se fosse puma
E apenas quando me canso eu paro. Reparo em mim mesma
Que sou o broto de uma roseira que no passado secou,
Mas que a chuva trouxe viço novo,
Ao corpo que o passado exortou.

Tudo ou nada, na noite ou no dia,
Sou a mesma que faz do verso uma estrela no espaço!
Desejosa da eternidade da madrugada
Onde reaprendo cada um dos meus passos.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

LÁBIOS FLORAIS




Do beijo a nuca nua, a minha boca tão tua
Tanto quanto o céu é da lua e as estrelas festejam.
Clara a vida, essa poesia do meu encontro floral,
Vindo do teu sonho, de dentro do teu essencial.

Do beijo a taça tua, a tua boca desnuda
Dizendo o verso que no poema faltou.
Como se não houvesse outro tema de satisfação
A vermelha face da paixão.
  
Aprisionado entre os meus espinhos diria,
Que de ti meu eu jamais partiria, enquanto extraia
O perfume da flor.

Inebriando o jardim em que me mantinha,
Cativa a degustar o cálice da ternura - que vertia
Enquanto molhava-me de amor.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A ARTE DA PALAVRA




Minha alma que a poesia lavra
Num encontro linguístico,
Por vezes meu coração se esparrama
Encontro cabalístico, que sou letra e palavra.

Minha alma que escuta os anjos
E caminha além das minhas sombras
Ouvindo os conselhos sábios daqueles
Que por hora compreendem minha escuridão.

Que escrevo porque meu espírito dita,
O poema áureo que vem e me faz bendita
Que me ampara nas nuvens desse céu.

Onde sou a pena e o pergaminho,
O óleo, a mirra e o linho
Que se desvela escrita em letras de mel.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

POEMA DE UMA MULHER PARA DEUS II




Senhor com todo meu amor, e ainda que ninguém veja
Ou saiba, da minha dor, sou plena em sorrisos, sei
Ser do paraíso pluma serena, Tu sabes os espinhos em que
Ando. E ainda que já não reclame, não fale, não exalte
Nem as dores, nem os amores, as saudades, os ardores,
Porque coloquei cada um das minhas chagas em ti, como
A colibri que voa alto, vesti meu salto, linda, o brilho, finda
Noite sai pela manhã de mãos dadas com teus anjos.

Senhor, tenho praticado paciência, e cada linha que imprimo
Cada torpor que exprimo, sabes que faço porque é tudo
Demais. Meus ais, meus sais, meus luais, todos estão obsoletos.
E se te prometo mudança é porque já mudei, que não sei ser
Aquela que já não é, e meu coração e Teu, meu Senhor,
Plantada nos arautos da Fé. Sei que tu me falas várias vezes
Ao dia, e que me transportas ao teu palácio de poesia, onde
Há cânticos e há o encontro entre minha alma e a esperança.

Senhor assim agradeço a sagrada aliança que fizestes comigo,
Tens sido um amado amigo, tão benevolente com minhas faltas,
Tão confortante com minhas feridas, e sinto que teu bálsamo,
Teu júbilo cicatrizarão as marcas do meu coração, fiel a Ti sempre.
Que a Ti meu espírito canta, enquanto contempla o Vale da Bênção,
Sabendo que ainda que ainda que meu coração por vezes se apavore,
E por tudo e por nada ultimamente chore, Tu me compreendes, sapiente,
Elevando-me das coisas até as estrelas no berço que me prometeu,
Que sou menina eterna em teus olhos, mulher, e filha de Deus.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O AMOR PRECISA SER LIVRE

 
Como um cisne que voa e a alma que vibre, sem cismas tão livre
Em ver a luz permear o universo incontido, na plácida palavra
O amor há que se liberar das coisas pequenas que exaurem a calma.
O amor precisa se dar sem traumas,
Pulsar num tom que eleve a aura, ainda que tudo volte ao princípio.
Como um lírio no campo sereno que exala
A exuberância contida na fala que se cala.
O amor é a ponte que libera-me do precipício.
O amor há que se desvestir das cinzas, da intemperança
E fazer da esperança um tripé com a fé.
Que num gole de café me leve ao encontro
Comigo no semelhante que chamo de amigo.
Pois ainda ouço a mesma canção
De quando beijei tua boca,
Ainda suspiro feito louca
Quando teus olhos me tocam e
Teu corpo e espírito provocam
A sentença que omito no verso final!
 
Mas que, por fim, cedo, sem medo,
No enredo que descrevo
Quando te encontro
 
LIVRE
 
No mundo real.
 

domingo, 21 de outubro de 2012

O AMOR É SEMPRE IMPERFEITO


 

 

Já disse ao meu coração: conforme-se, há coisas sem jeito

As perfeições estão fora do meu alcance e amar é esse lance

Esse ato abstrato que quando concreto é de fato imperfeito.

Nunca entendi direito o amor. Por vezes me joga na parede,

Por outras me ama na rede, me mata de sede e me ama em alguma cascata,

Nestas matas do meu cerrado. Por outras me deixa de lado,

E farta do destrato eu parto, ai ele se desespera, quer que eu retorne

Brada aflito, quer eu volite ao seu encontro e que diga, como se

Nada tivesse ocorrido: tu és o meu amado, meu escolhido.

 

Já disse ao meu coração: seja leve! O amor às vezes dura, às vezes será breve.

Não existe forma de se prever, nem tampouco uma fórmula perfeita de se amar.

O amor se dá entre pessoas, e estas são, por natureza, dadas a deslizes,

A remoerem cicatrizes, e quando felizes apegam-se a saudade

E se tristes acham que estão sozinhas em alguma ilha de suas próprias veleidades.

Esquecem que nesta vida tudo passa, tudo é efêmero, o ódio, a angústia,

A incerteza, a beleza, a prosperidade, até mesmo a razão e o amor.

 

Já disse ao meu coração: ame em primeiro lugar a mim!

E jamais pense que isso é egoísmo, não, jamais! É requisito de amor sem fim!

Para se amar em plenitude quem virá, ou quem está comigo.

Sabendo das minhas falhas, das minhas fissuras, dos meus abismos

Hei de polir o diamante que sou, minhas arrestas, aprontar-me

Linda para a festa e sozinha ou, deslumbrantemente digna para meu par,

Amarei com toda  a intensidade que sou,com toda a força do amor que me dou,

Porque ainda que imperfeita como o amor, porque existo, concreta, flor humana,

É em meus espinhos que oferto o beijo da ternura,

E que me derramo, tenra loucura, que amar verdadeiramente é dado aos loucos,

Aos puros de coração, aos poetas, já dizia Shakespeare, e porque não a nós

De todo imperfeitos mas crentes de que amar é possível,

Mesmo o amor, ainda que sendo amor e não meramente paixão

Nunca atingir o exato conceito da perfeição.

 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

PARA SE VIVER UM GRANDE AMOR



Para se viver um grande amor há que ser mais que paixão
Há que ser o equilíbrio da emoção e da razão
Há que se estabelecer entre os extremos o meio.
Encontrar entre cada forma de se exprimir o modo certo
Como a temperatura exata que aqueça nas noites de frio
E o frescor nas tempestades de verão,
Como o sentido que se busca no infinito impresso nas cores
Nas telas, nos poemas que se aprecia a dois
No amor que te faço
E no depois
Quando tomo a tua mão.

Há que se romper a solidão das multidões, saber recolher
Cristais rompidos, reconstruir e purificar,
Elastecer conceitos, rever defeitos fazer "mea culpa"
Saber pedir desculpa quando consciente do ato falho.

Para se viver um grande amor há que se colher a lágrima,
Aquela derramada da própria face e a causada.
Há que se acatar a lástima sabendo que a arte de apaziguar
Faz parte do encantamento verdadeiro, pois quando se quer bem a alguém,
É preciso lutar pela paz.

É preciso lutar para se viver um grande amor.
É preciso ter a coragem dos loucos
O coração dos gigantes
E ser leve como um anão
Para que não se carregue o peso das mágoas.

Para se viver um grande amor há que se permitir evolução conjunta,
Há que haver igualdade de condições, para que ambos vibrem.
Assim, ainda que transitoriamente quando um vá ao chão,
E tornando-se pó, filho da terra, o outro lhe estenda a mão, como espelho,
Elemento do cosmos, parte do todo, para que volte, partícula oculta,
Em semente, flor e posteriormente fruta!

O amor frutificará primeiro em dois, depois em três.
Elemento primordial e quinto elemento.

Para se viver um grande amor hoje, logo mais, amanhã,
Há que se amar a si em primeiro lugar, e se amando tanto e de forma
Espetacular, desejando tanto bem ao outro dar, inclusive, o direito de escolha
Para que voe entre as estrelas, entre cada instante que ainda possa habitar,
E lá de cima, veja o brilho, a imanência espectral do espírito
Que de tanto amor, só o bem é capaz de desejar.

Enfim, para se viver um grande amor, creia, e jamais deixe de amar.  
 

sábado, 13 de outubro de 2012

INSENSA(o) +TEZ




De todas as faces que me cobrem, em sete véus de mistérios,
E todos os impérios das paixões terrenas que me socorrem,
E que pelas adagas escorrem das flores, e perfumam sentidos
Antes não tivesse provado a essência de sândalo na tua pele
E mesmo que não me reveles o nome e me deixes um gosto
Amargo de saudade, veio-me teu cheiro pelas asas da vontade.
E se arremesso-te em nuvens onde te dispo em arco,
E te recebo em arbo, com garbo e elegância.

Talvez seja para mostrar-te apenas que cumpro as promessas
Que trago que mais cedo, mais tarde a verdade aparece
Como uma prece, e sim já anoitece minha esperança
De um dia te reencontrar.

Sim, ainda dentro de mim, dessa pele marfim
Alva de lua, malva de rua urbana, saudosa de Copacabana,
De confins inexplorados, de passados e de futuros prometidos
E jamais vividos, quero a babilônia de nós na Wall Street,
Nas lacunas do tempo que eu acredite, riscados em grafite
Nas temporas em que uma onda de olor em nós impregnado que
Acate minha alma e sufoque o calor eterno de um corpo
Jamais extasiado.

domingo, 23 de setembro de 2012

O REPOUSO DA FLOR




Ainda que teus olhos sejam lagos d'água
E que tu prometas beber todas as minhas mágoas, não direi
Nada que não sinta, e talvez até minta, mas não me entregarei.
Se a poesia não me trouxer o viço, o mais alucinante reboliço
De que adianta vir, dizer, e perder-me em qualquer precipício.
Porque eu preciso olhar nos olhos teus e dizer o que pretendo
E ainda que do meu ser - essa exclamação que pouco entendo
Eu não possa quase nada extrair - sigo tentando além do poema.
Não, não pense que sinto pena, que vivo em riste, ou que sou
Algo próximo de triste! Eu exclamo porque amo! Amo demais
Amo sem a paz que deveria planar na pena que me escreve,
Que se sou leve a brisa me carrega, se sou pesada a vida me nega
A calma de sentar ao lado teu, de debulhar o sem fim que me
Habita e cada uma das razões que a vida me desacredita.
Poderia desejar ser alguém tido como sábio, um personagem
Que me proporcionasse a viagem do encontrar e poder crer.
E quem sabe ter a força de me manter a deriva, algo que longe
Do breu de mim mesma sobreviva
Ser um asceta, um grande mestre ou um monge
Que expurgasse de mim toda essa ânsia, de amar, amar, amar
Se saber se o amor me ama, e compreender que sou um dos pontos
E tu é o outro nesta reta
Invisível que eles chamam de distância.

E assim, ao fim de mim, uma boca me encontre pronta
Como a lança de ponta hábil a entalhar um vaso do repouso da flor
E que me fale do tempo como se não houvesse esses lapsos
Que me afastem de fato do verdadeiro amor.

DESEJO E(TERNO) DE AMAR!




Amor porque me queres se te firo
Eu mesma sou um coração partido.
De batom te desfiro o beijo dos prazeres
E te trago cativo aos meus ais lascivos
Fazendo com que me queiras
Dentre todas as mulheres.

Olha-me do teu telescópio
Sei que sou teu ópio
Teu vício, teu fim e teu início!

Ah! Componho-me além do precipício,
O meio, o seio, os feixes de luz nos meus cabelos
Que te encantam, a luz transformando
Embalando e acalentando.

Amor porque me queres se me amar
É esse mar em que te feres ao se dar
Em que ainda que tentes alcançar-me no espaço
Amarrar-me na seda dos teu laços,
Eu tenho meus passos e compassos.

Danço com cometas, assim
Não prometas o que não podes cumprir.

Que de toda ânsia declino.
E me inclino a amar do jeito certo
Sem palavras ao vento, sem lamento aberto
Reclusa dos abusos da distância
E descontentamento, desejosa apenas
Do mais puro sentir!