segunda-feira, 19 de setembro de 2016

POESIA MINHA RELIGIÃO


Houvesse em mim uma razão para escrever
Que não fosse o próprio ato da escrita,
Esse exercício louco de lucidez
Que “ad eternum” na alma crepita!
Nenhuma linha de mim
Jamais sairia.

Morressem todos os poetas
De que cor seria a agonia?
Como se expressaria a ilusão da lágrima
Ou até mesmo a morte de uma estrela.

E ainda me pergunto: Por que escrevo?
Quando o mundo cada vez mais
Torna-se monossilábico.

Não há dogma maior
Que emergir 
Da doma 
Da ignorância. 


Percebo que teimo no gracejo de um tango triste,
Enquanto que talvez de fato fosse essencial
Estabelecer se um tango alegre existe.
Se o sol é belo
E a lua é a musa nua da ausência de inspiração.

No meu silêncio
Ainda escrevo,
Talvez seja vício,
Ou um artifício
Da minha própria

Salvação.


(POESIA MINHA RELIGIÃO - Livro Inacabado) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário