quinta-feira, 27 de abril de 2017

POEMA DAQUELE QUE PENSA




Há uma inquietude intrínseca na boca no pensador.
Lambendo sobrancelhas e centelhas de sinapses.
Uma fala pausada pelas coisas sentidas,
Uma fama fadada de que a razão e o tempo caminham 
Juntos.
(Há separação de nós mesmos amparada pela metafísica?)

O pensador é o cantor mudo que perdeu a voz?
Ou que rouco de tanto gritar pela razão em nós
Está suspenso de si mesmo no direito de propagar
Seu pensamento?

Enquanto lá fora alguns lamentam
Não possuir o carro do ano,
A roupa da moda
O corpo em voga
O pensador espreme
Desesperadamente a ampulheta
Para que o tempo possa parir
Alguma seta que lhe indique
Coerência.

Enquanto lá fora alguns se apegam
Apenas à casca do ovo,
Ao consumismo como um todo,
Aqui dentro
Alguns ainda se dão as mãos
Mesmo que distantes 
Em bites, quilômetros, 
Espaço e tempos diferentes
Realidades e "classes"
Lutas mais do que íntimas...

E se em algum tempo o nó
Que aos poucos se percebe não estar só
No emaranhado turbulento do coração
Puder se soltar, liberto pela verdade objetiva,
Restará esperança
E a poesia do pensador
Não mais será do tempo 
Cativa.

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