quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ENTRE CÉU E INFERNO




Vou deixar claro que não sou uma mulher orgulhosa.
Se erro eu peço desculpas. Pois perfeita não sou.
Mas sentada em um café, fazendo o que muito gosto, lendo, encontrei diversas obras de João Cabral de Melo Neto.
Eu nunca tinha lido este autor.
Ele é corpo.
Em reverso no verso.
Fico a pensar em nossa poesia de vida.
Cada um que nos é em tempo de existência, é algo que nos vem por algo.
E às vezes acho que a poesia é em mim essa vontade de fazer amor em outros corpos literais.
Essa doçura de cheiro que fica por debaixo da língua, como o café que tomo agora. Como o desejo inerente da humanidade em completude instantânea.
Eu que sou papel não tenho ego.
E resolvi: me entrego.
A minha procura será sempre a minha palavra.
As letras são o sangue da alma.
Não sei por onde andas, não sei se te feri, pouco sei até de mim.
Às vezes me sinto morta ou magoada. Mas sou cíclica, perdôo e renasço.
Assim não odeio, nada consigo odiar, pois que quase tudo aceito.
Eu não imaginava descobrindo essas coisas, essas vontades escritas, eu que sempre leio leveza e me afundo densa.
Hoje sei que Drummond é Deus em minha terra de letras,
Cabral de Melo Neto é o diabo.
E você é e sempre será quem é.

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