Era um santo que deixou o altar,
Cansado de ter percorrido a fé abalada
Deu-se ao nada e perdeu tudo.
Mudo, pouco falava, sendo que palavra
Não lhe faltava, mas estampou-se no absurdo.
Escolheu arrependimento, ungüentos, amargura
Nessa desmedida ventura de opilar a si
Sorveu seu próprio veneno.
Já não lhe importavam os disfarces
As noites varridas para debaixo do capacho
A pouca lucidez lhe despiu a mente
E dizimou o que lhe restava.
Hoje vaga, procura seu espaço
É como um desses vassalos que já foi
Senhor de feudo e hoje, capenga, persegue
Uma outra religião que lhe diga o que fazer.
Um rol de dogmas, de penitências
Porque se santo de casa não faz milagre
Esse ai está longe de dizer amém.
E de fazer qualquer bem também.
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