quarta-feira, 28 de outubro de 2015

REMINISCÊNCIAS

Em algum lugar do passado,
Sem enfado, de que minha alma
Se recorde, feito acorde
De manhã chuvosa,
Sou feita de prosa
Brincando com trêmulas gotas
Em minha pele.
De tantas vidas não vividas,
Tantas existências deixadas
Preteridas,
Lembro do beijo não dado,
Do sentimento esquecido,
Daquilo que deixado me evoluiu,
E do amor que retomado
Fez de mim estrela.

A minha luz é recente
A minha mágoa...Se apagou
O meu amor
Inocente
Puro
Como quem nunca...Amou!

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

GRATIDÃO

A serenidade atingiu-me a pleura
Mostrou-me quão imperfeita sou
E que não mais sozinha estou
Nesta estrada estreita.
Tantos caminhos percorridos,
E destempero revolvidos
Olvidados em alguma imensidão.
O amor verdadeiro enfim veio,
Tão puro como o leite
Que brota do seio
Deu ao meu lábio mais que água!
Acalmou um estado de mágoas
Naufragando a minha presunção.

Muito mais eficazes que simples manifestos
A alma evoluí  em concretos gestos
Nascidos e gerados
Na nobreza do coração.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

MÃEZINHA DO CÉU

Mãe Maria
Mãe Preta
Da seiva de sal
Dos seus olhos
Iluminai os caminhos.

Meu coração peregrino
Imerso em teu colo
Bendito
No teu manto
Se sente menino
Numa paz sem precedente!

Teu semblante sereno
É lembrança da minha infância
Quando eu ainda sem saber rezar
Aprendi teu canto com minha mãe.

Serias tu Maria Preta
O acalanto da minha solidão?
O anjo que me acarinha
A maternidade em meu coração...

sábado, 10 de outubro de 2015

BRINCO DE PRINCESA

Do cálice doce que é teu lábio
Do cálido encontro entre profano
E sábio, ouço a brisa que me brinda
Alguma música da década de ointenta.

E como a vida se reinventa
Eu reencontro antigos amigos.
Uns brindam comigo as memórias
E o colo que o tempo me representa.

E vislumbro que nunca partimos
Que nunca deixamos o que fluímos
E que a delicadeza da chuva alimenta.

Como a mãe que se faz presente
Nos gestos compostos herdados
E acalentados num brinco de princesa...

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

METAMORFOSE

Preciso preparar a alma para algo novo!
Mesclar a púrpura das borboletas
Ao celeste do meu jardim.
Ser flor de raízes móveis
E me transplantar além do limbo.
Mergulhar na semiótica líquida,
Vasculhando além dos limites
O canto espectral.

Enquanto meus olhos
Se escondem
Eu sou onda,
Mística
Indomesticada
E
Sem
Fim.