domingo, 24 de janeiro de 2016

UM POEMA DE DOMINGO

Quanto tempo nos restará antes
Que se ergam sobre nós os oceanos?
E que nossos enganos nos cobrem
Acertos, enquanto estudamos
Um meio de desmaterializar o destino?
Existe ainda vanguarda no sopro
Que reverbera o meu espírito
Ou sou réplica
De um consensualismo banal?
Será possível
Suplantar minhas próprias expectativas
Incrustando realizações,
Além da ansiedade e do desassossego?
Como alguma graça metafísica
Traduzindo novas premissas
Antes do derradeiro descortinamento!
Quando, por fim, eu apazigue
Sonhos e cada um
Dos meus desvelamentos.
E eu viva mais aqui e agora
Plena entre o que fica
E o que jogo fora
No eterno ciclo do refazimento.

domingo, 10 de janeiro de 2016

QUASE HORA DE PARTIR

Vida cheia de retornos, assim somos,
Mais que frutos do nosso meio, creio,
Somos produto da nossa intenção...
O tempo passa além de nossos veios
E as estrelas, testemunham ceias
Nas quais se bendizem orações...

Permeiam assim em mim evoluções
Que reluzem meu sonho nascedouro
Levo na mala lembranças do sonho,
Relíquias dos antepassados, escudos
Que meus traços claros deixaram
Para minha semente filha do novo sol.

Já sou lágrima antes da despedida
Abandono antes da partida
Saudade dessa e de outra vida
Chuva a cair sem descanso.

Sou flor caída de uma tela antiga...

Meu único alento é saber de onde venho
Que tantas casas carrego no senho
E que em minhas mãos
Repousa minha morada.

E minha filha, feito eu
Andarilha
Percorre comigo
A mesma estrada...

(Tela à óleo por Mirian Marclay Fraga)