terça-feira, 29 de março de 2016

Pelos 2 Anos Dela...

Talvez como uma canção leve, sem neve no campo, sem canto mas com encanto
Meu coração marejado tenha sido reabilitado ao amor pela sua existência.
E quando me imagino sem você há alguns anos atrás, eu me dizia o nada,
Pois assim me sentia por dentro. Vazia era minha poesia.

Hoje com a sala cheia de brinquedos, meus tablets repletos de desenhos,
Minha cama desarrumada continuamente eu tente restabelecer a ordem das coisas
Sendo minha pequena sempre em primeiro lugar.

Talvez como uma canção leve, eu não me negue o reinvento.
Eu seja menos do que prego, mais fluída que o vento.
Destituída da profundidade das coisas
Na fina estampa
Do amor que aprende as cores.

E a menina que alterna entre o balé ensaiado,
E o dependurar-se na mobília
Eis que tenho na minha filha
O maior de todos os tesouros.

segunda-feira, 21 de março de 2016

39

Há uma menina que habita a mulher
Que se desfaz no tempo do refazimento.
Ainda me lembro, como se fosse ontem,
Dos meus primeiros bolos,
Das festas simples e tão cheias de amor.
No álbum telúrico de minhas memórias
Histórias tantas de esperanças,
De minha mãe brincando comigo
No aniversário de nove anos,
Há 30 anos atrás...
A câmera acelera, ultrapassando o vácuo
Do lamento de um vazio em mim, o qual
Sei nunca encontrará remendo suficiente.
Ultrapasso minhas próprias falhas,
E enquanto ensino a menina pequena
A rezar...Rezo junto:
Para que o próximo ano seja feliz,
Que o dia de amanhã seja amoroso
E que eu não me lamurie de saudade.
(Não mais do que o necessário).

Há uma pausa inexorável
Nos meus pensamentos.

.......................................

O que farei do tempo que me versa,
Como se eu corresse ao encontro
Dos abraços negados pelo destino?

Haverão tantos beijos quanto os
Sonhados pela menina
Que fazia bolos de terra ao cinco anos
Como se fossem delícias de morangos?

Uma lista de músicas nostálgicas
É a trilha
Do filme de uma filha tão amada
Quanto o amor com o qual alimento
A pequena que pede "a bença"
E cristaliza o melhor do que trago
Por toda minha existência.

quarta-feira, 9 de março de 2016

CAFÉ COM POESIA

Queria viver da colheita de versos.
Como se rosas fossem a compor
As notas suaves e enigmáticas.
Ser asa leve feito pétala.
Sentar-me com uma xícara de chá
E falar de amor sem ser sintética.
Haveria gentileza em buquês,
Riso orvalhado entre gentes.

E mesmo que o sol tornasse
Árduo o cultivo das amizades,
Das formas como se comportam
As flores, haveria uma trégua de dores,
Na quietude desse quintal.

Pois poesia precisa
De um templo sagrado
Para se rezar a oração
Do que de fato é
Essencial.

quinta-feira, 3 de março de 2016

BORBOLETA EM FOLHAS

Entre folhas me vejo, arpejo além do casulo, e num pulo volto a me procurar.
E assim menina leve como bolha
Numa folha me rabisco cisco alado
Na imensidão que me desprende
Do fardo de um corpo cansado,
Sou alguém que compreende
A necessidade da inexatidão.
Aquarelo-me. Como se um galho
Desse o sustento, quase falho,
Para as coisas que teimam
Dentro de mim buscar
O grito da multidão.
Silencio novamente a busca,
Delineio nova dúvidas...Inquieta...
Natureza intrínseca poética
Que me faz volitar além
Da massa cinzenta daquilo que sou.

Figura metamórfica
Que me escreve no papel
Como uma alma
Que se reinventou...