segunda-feira, 21 de março de 2016

39

Há uma menina que habita a mulher
Que se desfaz no tempo do refazimento.
Ainda me lembro, como se fosse ontem,
Dos meus primeiros bolos,
Das festas simples e tão cheias de amor.
No álbum telúrico de minhas memórias
Histórias tantas de esperanças,
De minha mãe brincando comigo
No aniversário de nove anos,
Há 30 anos atrás...
A câmera acelera, ultrapassando o vácuo
Do lamento de um vazio em mim, o qual
Sei nunca encontrará remendo suficiente.
Ultrapasso minhas próprias falhas,
E enquanto ensino a menina pequena
A rezar...Rezo junto:
Para que o próximo ano seja feliz,
Que o dia de amanhã seja amoroso
E que eu não me lamurie de saudade.
(Não mais do que o necessário).

Há uma pausa inexorável
Nos meus pensamentos.

.......................................

O que farei do tempo que me versa,
Como se eu corresse ao encontro
Dos abraços negados pelo destino?

Haverão tantos beijos quanto os
Sonhados pela menina
Que fazia bolos de terra ao cinco anos
Como se fossem delícias de morangos?

Uma lista de músicas nostálgicas
É a trilha
Do filme de uma filha tão amada
Quanto o amor com o qual alimento
A pequena que pede "a bença"
E cristaliza o melhor do que trago
Por toda minha existência.

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