quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O AMOR PRECISA SER LIVRE

 
Como um cisne que voa e a alma que vibre, sem cismas tão livre
Em ver a luz permear o universo incontido, na plácida palavra
O amor há que se liberar das coisas pequenas que exaurem a calma.
O amor precisa se dar sem traumas,
Pulsar num tom que eleve a aura, ainda que tudo volte ao princípio.
Como um lírio no campo sereno que exala
A exuberância contida na fala que se cala.
O amor é a ponte que libera-me do precipício.
O amor há que se desvestir das cinzas, da intemperança
E fazer da esperança um tripé com a fé.
Que num gole de café me leve ao encontro
Comigo no semelhante que chamo de amigo.
Pois ainda ouço a mesma canção
De quando beijei tua boca,
Ainda suspiro feito louca
Quando teus olhos me tocam e
Teu corpo e espírito provocam
A sentença que omito no verso final!
 
Mas que, por fim, cedo, sem medo,
No enredo que descrevo
Quando te encontro
 
LIVRE
 
No mundo real.
 

domingo, 21 de outubro de 2012

O AMOR É SEMPRE IMPERFEITO


 

 

Já disse ao meu coração: conforme-se, há coisas sem jeito

As perfeições estão fora do meu alcance e amar é esse lance

Esse ato abstrato que quando concreto é de fato imperfeito.

Nunca entendi direito o amor. Por vezes me joga na parede,

Por outras me ama na rede, me mata de sede e me ama em alguma cascata,

Nestas matas do meu cerrado. Por outras me deixa de lado,

E farta do destrato eu parto, ai ele se desespera, quer que eu retorne

Brada aflito, quer eu volite ao seu encontro e que diga, como se

Nada tivesse ocorrido: tu és o meu amado, meu escolhido.

 

Já disse ao meu coração: seja leve! O amor às vezes dura, às vezes será breve.

Não existe forma de se prever, nem tampouco uma fórmula perfeita de se amar.

O amor se dá entre pessoas, e estas são, por natureza, dadas a deslizes,

A remoerem cicatrizes, e quando felizes apegam-se a saudade

E se tristes acham que estão sozinhas em alguma ilha de suas próprias veleidades.

Esquecem que nesta vida tudo passa, tudo é efêmero, o ódio, a angústia,

A incerteza, a beleza, a prosperidade, até mesmo a razão e o amor.

 

Já disse ao meu coração: ame em primeiro lugar a mim!

E jamais pense que isso é egoísmo, não, jamais! É requisito de amor sem fim!

Para se amar em plenitude quem virá, ou quem está comigo.

Sabendo das minhas falhas, das minhas fissuras, dos meus abismos

Hei de polir o diamante que sou, minhas arrestas, aprontar-me

Linda para a festa e sozinha ou, deslumbrantemente digna para meu par,

Amarei com toda  a intensidade que sou,com toda a força do amor que me dou,

Porque ainda que imperfeita como o amor, porque existo, concreta, flor humana,

É em meus espinhos que oferto o beijo da ternura,

E que me derramo, tenra loucura, que amar verdadeiramente é dado aos loucos,

Aos puros de coração, aos poetas, já dizia Shakespeare, e porque não a nós

De todo imperfeitos mas crentes de que amar é possível,

Mesmo o amor, ainda que sendo amor e não meramente paixão

Nunca atingir o exato conceito da perfeição.

 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

PARA SE VIVER UM GRANDE AMOR



Para se viver um grande amor há que ser mais que paixão
Há que ser o equilíbrio da emoção e da razão
Há que se estabelecer entre os extremos o meio.
Encontrar entre cada forma de se exprimir o modo certo
Como a temperatura exata que aqueça nas noites de frio
E o frescor nas tempestades de verão,
Como o sentido que se busca no infinito impresso nas cores
Nas telas, nos poemas que se aprecia a dois
No amor que te faço
E no depois
Quando tomo a tua mão.

Há que se romper a solidão das multidões, saber recolher
Cristais rompidos, reconstruir e purificar,
Elastecer conceitos, rever defeitos fazer "mea culpa"
Saber pedir desculpa quando consciente do ato falho.

Para se viver um grande amor há que se colher a lágrima,
Aquela derramada da própria face e a causada.
Há que se acatar a lástima sabendo que a arte de apaziguar
Faz parte do encantamento verdadeiro, pois quando se quer bem a alguém,
É preciso lutar pela paz.

É preciso lutar para se viver um grande amor.
É preciso ter a coragem dos loucos
O coração dos gigantes
E ser leve como um anão
Para que não se carregue o peso das mágoas.

Para se viver um grande amor há que se permitir evolução conjunta,
Há que haver igualdade de condições, para que ambos vibrem.
Assim, ainda que transitoriamente quando um vá ao chão,
E tornando-se pó, filho da terra, o outro lhe estenda a mão, como espelho,
Elemento do cosmos, parte do todo, para que volte, partícula oculta,
Em semente, flor e posteriormente fruta!

O amor frutificará primeiro em dois, depois em três.
Elemento primordial e quinto elemento.

Para se viver um grande amor hoje, logo mais, amanhã,
Há que se amar a si em primeiro lugar, e se amando tanto e de forma
Espetacular, desejando tanto bem ao outro dar, inclusive, o direito de escolha
Para que voe entre as estrelas, entre cada instante que ainda possa habitar,
E lá de cima, veja o brilho, a imanência espectral do espírito
Que de tanto amor, só o bem é capaz de desejar.

Enfim, para se viver um grande amor, creia, e jamais deixe de amar.  
 

sábado, 13 de outubro de 2012

INSENSA(o) +TEZ




De todas as faces que me cobrem, em sete véus de mistérios,
E todos os impérios das paixões terrenas que me socorrem,
E que pelas adagas escorrem das flores, e perfumam sentidos
Antes não tivesse provado a essência de sândalo na tua pele
E mesmo que não me reveles o nome e me deixes um gosto
Amargo de saudade, veio-me teu cheiro pelas asas da vontade.
E se arremesso-te em nuvens onde te dispo em arco,
E te recebo em arbo, com garbo e elegância.

Talvez seja para mostrar-te apenas que cumpro as promessas
Que trago que mais cedo, mais tarde a verdade aparece
Como uma prece, e sim já anoitece minha esperança
De um dia te reencontrar.

Sim, ainda dentro de mim, dessa pele marfim
Alva de lua, malva de rua urbana, saudosa de Copacabana,
De confins inexplorados, de passados e de futuros prometidos
E jamais vividos, quero a babilônia de nós na Wall Street,
Nas lacunas do tempo que eu acredite, riscados em grafite
Nas temporas em que uma onda de olor em nós impregnado que
Acate minha alma e sufoque o calor eterno de um corpo
Jamais extasiado.