segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

POEMA PARA MINHA MÃE




Há um poema que amei-amo- além da vida.
O poema de amor infindo, nos olhos puros
Daqueles tempos em que a inocência era
O mote e ainda que eu não me conhecesse
Conhecia-me, naturalmente, como filha.
Sou esta extensão da tua existência
Da poesia que esculpia nas tuas telas de lã
Nos teus bordados, teus croches
Na matemática que me ensinou,
Nos teus pudins de laranja e por todas às vezes
Em que eu não me compreendia
Mas a tua sabedoria, estendia-me a mão.
Alguns sentimentos desconhecem
Início ou fim, dentro de mim, são o movimento de
Uma sinfonia que irá se repetir enquanto a alma
Dispuser-se a ouvir a essência de ti.
Hoje e sempre, a lembrança não se apaga
Há uma onda vaga no amor, incompletude,
Uma saudade das coisas idas, da ternura
Que me comove, que me locomove.
E venho te dizer, porque sei que ainda me carregas no coração,
Que estás no jardim do meu espírito, em que te plantastes
Como a mais linda de todas as flores.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

SEM POESIA



Há dias que já não me serve a poesia
Que me reveste somente o cantar...
Não que eu não seja o poema
É que o poema apenas não me basta!
É a minha alma
Que já não cabe em mim
De tanta vontade
De amar.
E ouço ao longe a música
E danço em mim
Como se fosse
O amor que encontro...
Pronto!
Às vezes choro, sem tristeza
Às vezes rio, sem alegria...
Se é dia ou noite, já não sei
Perdi a noção, perdia a razão...sem poesia...
O peito rasgou-se, a vida quebrou-me em pedaços.
É tanto amor que eu trago
Que me afogo, que rogo o esquecimento de mim, de um fim
Até do amor, e até da poesia.
Hoje eu sou música.
Apenas melodia.

SEMPRE DEMAIS



Sou pura entrega em sentimento, alheia completa à razão,
Sucumbo à volúpia devorando coquetéis de paixão
Dos vícios que me opilam teu peito é tudo o que quis
Iludi-me, sempre, insensata, na sanha de ser feliz.

Segredei a vida de mim, compus uma ode completa.
Esperei, destruí-me, farrapos, supondo ser predileta.
Nunca pensei a loucura como parceira sentada na sala
Assim grito rompendo o silêncio da dor que nunca se cala.

Em sintaxe terminal
Esse peito ingrato se inflama
Cravejado do torpor que há em mim.

Porque ao final
Não sei se é o amor que me ama
Ou eu que amo o amor, por fim.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

PARA NUNCA MAIS FALAR DE AMOR



Preciso dizer que ainda te amo.
Em poucas palavras deixa-te ir
Para que me ames talvez, do
Modo que me aceito como sou
E que me leves pela mão quando
Perco-me na escuridão.
Nada em mim é perfeito
O leito, o litro de mágoa
A água que rola o medo
De que tudo seja devaneio.
Anseio um dia retirar essa
Qualquer coisa de dentro de mim
E tornar algo límpido,
Além deste apego, deste ego.
Já não renego o amor, mas
Estou morta por dentro sinto!
Como se na vida fosse inevitável
Essa agonia de viver num labirinto sem fim
Vagando em qualquer jardim,
Quando as estrelas me olham no chão
Rendida à solidão.

BEBENDO A SAUDADE



Após um ano nada mudou, nada muda.
Nunca seremos os mesmos.
A saudade não diminui, ela se transforma.
Reencontramos, velhos amigos, nos encontramos mais velhos.
Às vezes melhores
Ou não.
1 ano é muito pouco para mensurar a saudade.
Ela não pode ser comparada ao vinho,
Mas sim, pelo menos, a um bom whisky.
Talvez daqui a 12 anos,
Se eu ainda existir
Eu possa transformar essa saudade
No malte da alma.

VENDEDOR DE ILUSÃO





Sentada aos pés do sagrado
Em busca dos cacos de mim
Em meio ao caos, mirei-te
Vendedor de poções.

Desejava um sonho encantado
Que obliterasse a vida assim
Em veios tântricos cobicei-te
Vendedor de emoções.

Talvez a pressa da solidão
Inebriou-me além da razão
Que eu já supunha enganar.

E por fim prostrada no chão
Percebi-te este fel-ilusão
Que tu na vida sabias ofertar.

UTOPIA



Quando o meio tem seu fim
Deixei essa insana realidade
Fui sonhar o que a alma pedia
Construindo nova sustentação.

Olhei para dentro de mim
Cada memória de felicidade
Seu paradigma e fiz analogia
Seguindo a intuição.

Se penso e logo existo
Em ser feliz insisto
Essa é a filosofia.

Que venha assim a vida
Recebo-a na exata medida
Daquilo que eu já sabia.

ROSA DE SANGUE



Divina face que chora cravejada de espinhos
Em teu sangue haveria redenção amorosa?
Com o tempo haverá outra flor em teu caminho?
E assim te olvidarás daquela suculenta rosa?

O perfume que se esparramava pelo ar
Fez a terra em pleno gozo jubilar
Fez a noite beijar o sol no entardecer
E a lua ao orvalho se liquescer.

Beijaram-se rosa e divina face
Num instante infindo
Como se tudo fosse sagrado.

E o beijo já não possuía disfarce
Daquilo que já era vindo
E em sangue sacramentado.

PAPEL

Dizer AMOR,
Querer da flor o mel?
Poupa tua palavra!
Sou papel...

domingo, 22 de janeiro de 2012

CARNE ALADA

É em suave poesia que desvelo a alma, incorporo-te.
Banho-me em teu rio de flores, e beijo as tuas dores.
Elevo-te ao cristalino pulsar, das estrelas que busquei
Quando uma luz ofuscou tua sensorial percepção,
Meus lábios sussurraram-te esse caminho
E, ao longe, meu perfume, impregnou-te.
Teu íntimo me sorri, ainda que chores
No silêncio oculto das palavras.
Sublimando, pinta-me.
Desnudando-te
Dizes:
Amo-te
E faz-me tua doce amada idolatrada.
Carne Alada.
Libero-me qual aquilo que imagino ser
Disseco-me cada camada, até decompor-me, qual parte do nada.
Quando assim revelada, no espírito, essa essência decantada,
Musa errante de um viajante, metamorfose dissonante
Semi deusa posta ao banquete do poema
Liricamente volito, movimentos ritmados
Ao passo do abraço do peito que habito.
Borboleta em viva carne, sonata sem fim.
Noite divagante, suspiro que compassa
Noite inebriante, do torpor que transpassa
Resto como o beijo nas cores das minhas asas
Resto como o ensejo nas flores das minhas casas
Resto como o desejo nos amores das minhas lassas.

sábado, 21 de janeiro de 2012

O AMOR – ANTES QUE SEJA TARDE



Talvez  tu nunca me possas amar, nem um pouco,
Nem completamente do jeito que preciso, da forma
Que minha alma sonha - e assim eu viva de imaginar
Teus olhos, em brilho próprio de meu ópio, amendoados
Sentado no horizonte rabiscando teu destino.
Quando a vida me disse que nada se encontra posto
E que somos o desejo explícito do que resta proposto
Acordei.
Meu amor nada mudou, nem em linha reta, nem em verso
Meu amor mudou nada, nem mesmo a mecânica do universo
Mas de que adianta falar
Se você ainda não despertou?
Vim ver das flores, nesses vales de infindos amores,
Porque se na vida temos mais de um amor, quantos nos
Amaram, nos amam ou nos amarão?
Eu sempre venho ver dos amores, neste vales de infidas flores
Porque se na vida nada é findo e tudo ainda pode ser lindo
Talvez o teu amor ainda me venha,
Antes que seja tarde,
Na mais linda
De todas
As flores.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

AMOR – MALDITO



Há um amor maldito corroendo-me o peito
Rasgando-me a carne envenenando-me os nervos.
Ceifando-me a vida tornando-me cativa.  Amando-me – do seu jeito.
Há um amor maldito que se julga perfeito.
Faz-me refém, no papel, na vida,
Qual fosse -um favo de mel
E eu- sua abelha rainha.
Falando-me das nuvens
Olhando meus lábios, molhando meus olhos
Secando meus veios, querendo meus seios.
O mundo se faz por decreto e assim tão secreto
Um bendito amor.
Há um amor tão cingido em versos perversos
Que leva-me o pouco que resta, e deixa-me nada
Que presta, e toma-me tanto que fico maldita
Do amor que me habita, ainda.
Há um amor tão maldito que eu quero
Muito mais do que ele acredita, do que os dentes
Que cravo ou do que a vida conflita.
Do bem ou do mal que encerro, da noite que assim
Dormita.
Há um amor que conclamo – maldito – enfim.
Há um amor que proclamo – bendito – a mim.
Infinito - O amor que trago e amo!
Infinito - O amor que afago e amo!

Esse breu                                                                                                                                                                        
Amor meu
Até o fim
Amor
A mim.

O AMOR- ESSA REPETIÇÃO???



Por toda sorte...
Irei te amar docemente...
Mas diferentemente...
Em pacto de suave corte...
Nas manhãs de verão
E no outono
Um beijo sereno serei.
No inverno quando
O frio chegar
Serás meu arrepio.
E na primavera
A espera das minhas
Flores, dos meus amores
Sim, pois cada dia
Amo com um amor
Diferente.
Meu amor de menina
Não conhece rotina.
Ama- e promete,
Em pacto de suave corte...
Que irá te amar docemente...
Mas diferentemente...
Por toda sorte...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

UM ANJO EM DIA DE CHUVA

Toma minha mão e esquece.
A tortura das letras que você procura,
Seus lamentos sãos meus, veja, nos meus olhos
Restam estampados! Somos, por certo, semelhança.

Apaga as letras dos outros que ferem
Imprima uma nova perspectiva
Eu sou água viva, transparente,
Em céu de nuvens cinzas.

Deixando universos paralelos, fluí a si,
Nos pulsares belos da divindade que já lhe pertence.
Somos dois corações singelos em vidas míticas...

Sou as asas do afago, sou seu anjo de luz!
Rompi espaço e tempo, vim do limbo,
Para o seu sentir.

UM ANJO EM DIA DE CHUVA



quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

AMOR - PLATÔNICO


Amo-te, quero-te, desejo-te
Pelas eras que meu coração
Entendem como eternas.
Simples, lícito, explícito
Com tanta força e virtude
Com tamanha amplitude
Que me perco em devaneio.
Desejo-te, quero-te, amo-te
Esse amor é uma ânsia
Consome-me esta intangência.
Dessem-me toda ciência
E a mais doce paciência
E nada ainda explicaria.
Quero-te meu extasiado
Neste ato imaginado
Em que te tomo como amante.
Tenros lábios intocados,
Do torpor do meu instante.
Amo-te, quero-te, desejo-te
Como nunca amei antes!!!

BOLERO



Talvez meu coração te gele
Enquanto eu te assopre a pele
Talvez meu coração te ganhe
Se a pele eu te assanhe.

Quem sabe eu te encontre cedo
E pois eu já não tenha medo
E assim revele meu segredo.

Porque se o amor não faz alarde
E vida se renova toda tarde
O céu se encontra no oceano
Será que existe algum plano?

Porque não existe meio termo!
Apenas me concebo entre extremos
E muito pouca coisa me agrada
E me prefiro só que
Mal amada!

Não venha me falar das flores
Não venha me contar das tuas dores
Nem ouse me dizer que ela te ama
Me ame agora
Ou vá embora.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

FINA FLOR MENINA



Havia uma flor menina,
Morava no céu, cercada de encanto,
Tecia um manto de seda sem ser bicho
É que não lhe deram limites
E nem lhe disseram o que seria impossível.
O sol e a lua, adotaram-na e bordaram seu manto
De infinitas estrelas.

Havia uma flor tão fina,
Que o céu fazia rir, que a noite fazia cantar,
Que tramava com o sol doces bolos
E serenava a luz do luar.

Havia uma menina tão flor
Que lhe tocava a alma o poema de amor.
Mas e quem disse que flor tem alma
Mas e quem disse que flor não tem?

E aquela menina, fina flor,
Brincava linda, em esplendor,
Com o sol e a lua
Em seu manto de seda,
Cravejado de estrelas e
Todos os dias, as cinco,
Serviam chá,
E as nuvens eram seu majestoso sofá.






O AMOR-ESSE SER



Hei de amar ainda que não me ames
Que amor não pede troca-ama por inércia
Desprendido de si mesmo-vontade autônoma.
Complexo, alienígena é o amor,
Pois me transporta a mundos-outros além de mim.

Hei de perdoar, por certo na medida indivisível
Sendo o amor um ser crível, perplexo
Aceitá-lo ou consumi-lo é ciclo profético.

O amor não se toma, não se leva
Sua consistência não se mescla
Qual óleo e água.
Sua natureza é de elemento intransmutável.
Já a paixão é alquimia-um pouco a mais
Ou a menos e temos-um sem fim de ti
O nada de mim-a eterna vontade dos seres.

Enquanto rasga-me a paixão
O amor é linha e agulha
Enquanto salva-me o amor,
Por ser o todo,
A paixão é mera fagulha.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

CORAÇÃO DE FERRO



O amor em flecha tomou meu peito, e em pleno leito deu-me um coração de ferro.
Como crer no que não se vê quando aos berros, trancado,
Segue açoitado da clausura da capela.
Preciso de novas taças, de noites de graça
De relâmpagos que me consumam, de amor que se consume ao menos
No sangue de um lindo poema – não temas, sou eu, redima-me do amor.
Haveria um rastro daquele por quem meu verso cravou a estaca no papel?
Ou seria o céu perversa testemunha das unhas que te cravaram a carne!!!
Quanto da poesia merece poesia, porque certas letras me jogam em labirintos
De lobos famintos que caçam a desculpa propícia para a malícia desferirem.
Ontem era madrugada, e li um sem fim de poemas – de outras eras de tempos
E aquele tempo jogou-me para longe enquanto amanhecia
E os sinos tocavam como o pulsar decorações de metal,
Cadenciando incólumes suas próprias dores de seus desgraçados amores.
Nem a dor mais me suporta. Tentou cortar-me a aorta em golpe de espada.
Mas teve sua lâmina quebrada, e assim, na madrugada
A senhora da Lua, sempre nua, canta o acalanto do encanto traduzindo
Em gotas de letras seu próprio pranto.
Talvez seja ancestral essa necessidade de queimar e alcançar alguma redenção.
Hoje não tenho nada além de mim, e, ainda assim, vim te falar das flores, estão sós,
Naquele mesmo jardim de juras, de almas puras, da inocência preservada.
Sinto-me o próprio nada de sempre, sem teto, um feto ainda no ventre, sem mãe,
Sem qualquer direito de sequer olhar ao espelho, mas absorta em meu próprio
Batom vermelho, reflexo do invólucro muito aquém da alma que encerro.
Meu coração é de ferro, do plural devaneio que impero,
Guardo-te velado, em esconderijo próprio
Em uma gaiola de aço, até que tuas asas estejam fortes
E que esse ópio seja a nossa sorte, e não a nossa morte.
Não retornei, porque nunca parti. Um coração de ferro.
Quase terno, mas um tanto férreo
Sou esse ser cujas asas volitam no céu ao esmo
Na eterna procura de si mesmo.

A VIDA -ESSE MISTÉRIO


Seria um mero modus operandi, em que se prega
O prego e se emprega uma regra de dois pesos e duas medidas.
E a vida esse pivô que dilacera a espera, ou vice e versa
Ainda versa o meio de sentir.
Confesso -não entendo:
Porque o sábio espalha o conhecimento na rua,
Na carne crua, no espaço público, pudico e aliterado.
Mas em casa!?
Nada!
É aquele velho ditado...santo de casa não faz milagre.
Milagre é coisa que independe de quem acredita, de reza,
Pois acha que quem se preza se posta ereto
Olha o teto e só contesta
Quando acha que a festa vai valer o gasto do sapato.
Paro e penso que nessa conjuntura, vivo esse hiato
Essa vontade de correr- mesmo sem preparo-
E ver se me encontro, no mesmo ponto que me perdi.
Até onde o senso comum é comum, até onde ser mais um
É o exercício de acordar ou concordar?
Existem sábios que disseram que nada sabiam,
Outros te dizem que tu nada sabes, professam verdades
Ocultam mentem.
Sempre, debaixo do pano há o engano
A imperfeição do ser humano,
Mais um dia, um mês, um ano
É sempre a fome de compreensão que impera,
Em qualquer era, essa espera, quer seja
Na casa do sábio, do tolo, do pouco probo
Daquele milagre que o incrédulo não crê
Mas que no fundo implora que venha a acontecer.

AMOR MEU




Meu amor eu te amo e nem sabes o quanto
Esse amor fere-me qual rosa negra, castigando.
Meu amor é tarde, madrugada, a lua dormiu
E meu coração ilumina um céu de mágoa.
Meu amor sinto tanto e é como se fosses
Éter indomável um assalto ao sono ao devaneio.
Meu amor não creio deixar-te ir em abandono
Desse querer-te em sonho que sem pudor pranteio.
Meu amor perdoa-me se te firo se te rasgo em
Mel amargo de natureza indigna nessa sina.
Meu amor estende-me a mão e vela a escuridão
Que me aprisiona longe de ti e distante de mim.
Meu amor socorre-me do fim que já existi plena
Em luz de estrela serena e hoje sou só mar sem fim.
Eu te amo meu amor o quanto nem eu mesma sei.

Amor meu carrega-me nesta aurora
Que a solidão já me devora
Qual criança que se apavora
Por amar ainda tanto quanto outrora.

BRIGAS




E quem entende a minha dor
Quando eu já não sei de mim, assim, só
Como se o mar, a terra e o ar dessem nó
E acobertassem a clausura de meu próprio pó.
Seria lícito sofrer calado quando o grito
Já escorre pela boca? Louca, é tudo que ouço
No calabouço das tuas mentiras.
Há um pranto calado seco
Escuro como o lado oculto da lua,
Que na negra paz de seu mistério
Ainda implora por ser tua.
Haveria alguma pista de ti para mim?
Ou seria o próprio fim de nós mesmos!?
Ao final é sempre triste quando ainda existe amor
E o corte fere o canalha com sua própria navalha
Talvez pouca coisa na vida,
Em meio a crises seja eficiente,
E amargo o sentir de que o amor
Sozinho possa não ser suficiente.

O AMOR-QUE NÃO SE VÊ

Houve um amor,nunca antes visto
Sempre quisto, sempre esperado.
Hoje é lembrança, sem nunca ter sido
Plenamente vivido e assim foi levado.
Hoje é um trago, desses que trago
No peito guardo, na alma calada
Um quase nada, um eu desmentido
Um pranto sentido chorado na estrada.
E o que não vejo, contudo ainda quero
Tão sem medida o amor ainda espero
Lastro de vida, vida em poema
Quanta celeuma do amor nos separa
Vida que não para, que gira em si
O amor, estava ali, mais nunca foi visto
E ainda assim fazia história
Ardia na memória
No ritmo da solidão
Fruto quem sabe da minha
Imaginação...

domingo, 15 de janeiro de 2012

A FÊNIX



Meus cabelos dourados são leves ao espelho
Como plumas bailam em fluidez dos meus loiros pelos,
E assim, semi deusa de mim
Asas me dou, em batom carmim
Ao fogo da alma que arde sem fim.

Há vida e morte, sublimadas
A paixão da ressurreição deixou-me marcas.
Espírito cíclico - incendeio- e piro
Miro o tornado em vento de chama
Da vida que chama
Em pira de canela, sálvia e mirra
Do cosmos que me clama.
Esse devaneio que me inspira.
Dessa alma que ama.

Qual lira em transformação
Buscando a exata expressão
A lenda em mim se acende
O torpor da carne se desprende
Em liquidez qual favo de mel
E de luz cuja imanência desvela o véu.

Vim mudar a ordem do universo, pura
Ser novo prisma sideral, doçura
Percepção sensorial, loucura
Paradigma mitológico, fissura
Em corpo de girassol fundei
Minha essência - guerreira
Minha dor se fez passageira.
Minha vida se faz este instante
Meu futuro brilhante.

E minha alma qual centelha
Em deleite, de pleno vôo de gozo em aceite
De todas as formas que tomo
Dos veios e amores que domo
Assim em ternura bendiz
Minha eterna sanha de ser feliz.

O AMOR- ARMA BRANCA



Em corte preciso do impreciso veio a mim
Um termo indefinido, aquele verbo terminal.
Talhei sem trégua, em madeira, em lascas de pele
Em trato visceral, levada, como água em boca
E boca amanteigada em corte de punhal.

Parece que você chega hoje, sinto
Trazendo afiado consigo novo veio
Que anseio nunca tivesse sido apartado,
Cortado ou levado de mim, é como um rasgo,
Que suturo quando sempre o que me mata
É arma branca.

DIVÃ



Quem disse que eu sou a dona da verdade
E que a liberalidade resta assim estática.
Houve tempo em que saber o que se queria
Era mais reto que o concreto da selva
Que arrepia em plena luz do dia.

Toma tua dose, recebe por osmose
Um pouco da zorra que te atrofia
Que na vida, só a ilusão é doce
O resto!? Pífia psicologia...

O AMOR ESSA LOUCURA



O amor, esse vazio, avolumou-se na alma 
E jogou-me, despreparada, ao chão de um abismo mudo.

Sentindo-se o único, uno, tudo, o amor enlouqueceu.
Escondeu-se em um heteronômio,
Erigiu seu próprio manicômio.
Singelo ele diz que me ama
Que há muito a se viver e morrer.
É o que leio, de suas cartas, 
Pois já não me deixam vê-lo
Dizendo que a loucura contagia.
Talvez não exista cura nem anestesia
Que tire a dor do pobre amor,
O qual esquarteja-se e se desfaz
Louco, pouco a pouco.
Enquanto isso mergulho em mim
Vendo ao longe o amor
Em seu triste fim.

DAS HISTÓRIAS SEM FIM NEM COMEÇO



Era como se fosse uma lenda, e o arrependimento
Seu próprio dragão, sem piedade camuflando
A pseudo verdade – de um conto de ilusão.
Era esse mistério improvável, essa comiseração
Por alterar o próprio rumo de sua história.
De uma memória que se reprogramava
Ao longo de horas de meditação.
Rezava, prometia, avençava e transmutava-se.
Cada personagem era uma criação de si mesma,
Das vontades, das liberalidades que desejava
E ainda temia as conseqüências da própria encarnação.
Dançava em flores, em amores, em karmas,
Na fluidez matinal e no frescor dos olhos.
Correu de si, tomou o mundo cedo.
Tomou o medo pela mão e disse que o levaria a um passeio.
Os ao longe em um diálogo sereno
Como aquele veneno lento, perigoso que toma conta
E te convence ser o mel dos tempos.
Espero que a criação não suplante a criatura,
Que a alma encontre o que procura
E que a paz seja o novo licor dos homens.
E quem sabe um dia ela retorne, leve, sem o medo
Dizendo-me tê-lo redimido de si mesmo.