domingo, 29 de novembro de 2015

POEMA PARA DAQUI A 20 ANOS

Filha querida filha, meu tesouro
Minha criança teu peso em ouro
Não alcança o peso da tua alma.
Feita da mais pura ternura, calma,
Adormecida em encantos de amor.
Fosse flor seria uma rosa,
Fosse pássaro um beija-flor
Mas como é feita de amor
E prosa és inspiração da minha poesia.
Com 20 meses se dependura pela casa
Faz a mãe correr feito louca
E a alegria que nunca é pouca
Faz seu sorrisso único e bendito.
Como a mãe vai ser faladeira,
Pergunta dos bichos, brinca de esconder
Faz da casa um recanto iluminado.
Forma frases com a voz mais aguda
E açucarada na mesma toada que
Grita pela mãe quando não a vê.
Transpõe tudo o que sou e o que fui
E me faz cada vez mais
Amar você.

sábado, 21 de novembro de 2015

CRÔNICA DO AMOR (AO) SERENO

São estes dias chuvosos, de silêncio que antecede a criança que despertará o bálsamo do espírito. Comigo uma xícara de chá, um amor lendo na rede e a memória de alguma música que ouço internamente. De toda concordância explícita ou tácita o regozijo dos prados com leves brisas é unânime. Há uma crescente onda em mim de amor. Amor pelas coisas singelas, feito flores em janelas, pássaros cuidando de seus ninhos, bordadeiras fazendo poesia e artistas estampando fantasias.
O tempo continua sendo a figura ambígua, que testemunha e permite o espetáculo da vida. O curador das feridas, o diretor das cenas em que atuamos sem fingir.
Numa rede verde o tempo segue balançando, enquanto faço um balanço da semana, da ternura vinda de longe em caixas com vestidos e sacolas de princesas.
Sem mais o que dizer -apenas registro- paz é um sentimento que se nutre, longe de mágoas, em gotículas de benevolência e que nos faz aprendizes da arte de viver bem.
P.S: Aquele dia sobre o qual conversamos -o da felicidade- finalmente chegou...

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

SUSSURROS DO ENTARDECER

Eu me escondo, na delicadeza das coisas não ditas.
E se a alma ainda acredita ser solúvel, em brumas,
Ou algo ainda mais volúvel,
Talvez eu assuma toda impaciência e fadiga
Essa que liga meu espírito ao suspiro do eu que habito.
De toda tolice que ouço no outro é em mim que deposito
O eco do vazio e das faltas que não preencho.
Andaria contigo novamente a minha poesia,
Em qual ponto de nós mesmos nos desencontramos?
Tem anos que sonhamos ver árvores que plantamos,
Divagar sobre alguma rica filosofia, redescobrir
Verdades ocultas mas explícitas em fotografias...
Eu me escondo no oposto da luz,
Na imagem da cruz
Em alguma estrada que abafa a lágrima...

Mas minha última lástima
Eu guardo
Para as lacunas de nós.

Esse sopro de esperança
Que de mim a ti chegue
Ao menos...A minha voz.


Para Gil Façanha

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

TOLERÂNCIA

Talvez se as pessoas
Ajudassem mais a si mesmas,
Aos outros caídos nas pequenas desgraças,
Aquilo que fere o mundo
Dissolvido fosse.

E se elas pedissem mais vezes desculpas
E se livrassem das causas e da culpa
E se vestissem de dignidade
Houvesse mais verdade
Em laços atados,
Mais pureza nas conciliações.

E eu ouvisse nos teus passos
Os abraços dos quais sinto falta,
E nas taças sacras além do meu sangue
A esperança
De que transcendi...

domingo, 15 de novembro de 2015

A PÍLULA DOS BONS PENSAMENTOS

Encontrei a cura para desordem humana.
Colhi temperança no Vale da benção,
Esperança no Morro dos Ventos
Sabedoria junto a um coração inocente
E criei mais que um repelente,
Eis a pílula dos bons pensamentos!

Sem efeitos colaterais ela proporciona
Alegria e paz,
Fomenta a criação de instrumentos
Que elevem a alma dos homens.

E quanto mais e mais eles tomem
Mais se multiplicam seus efeitos.
No pleito do viver com dignidade,
No elevar sentir junto ao próximo.

Estará disponível em instantes
No fechar dos teus olhos,
Levada a ti pelas asas coloridas
Da tua imaginação!

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A DÁDIVA DA REFLEXÃO

Era de extremos...
Tremo ao pensar
Que tolerância
E caminho do meio
São vistos como
Fraqueza.

Franqueza sem delicadeza
Fere.
Aprendizado pressupõe
Meditação...

O silêncio
(Por vezes)
Ensina mais
Que a palavra.

Ele é a boca sábia
Do pensamento.

Ah se a pauta sensível
Dos que laboram a revolução
Se desse em sal e flor.

Curaria as chagas
Nas águas salgadas
E no chão
Plantaria amor.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O AMOR - ESSA SURPRESA!


Cítrico é o amor tão ambivalente
Que antes que eu percebesse
Mostrou-se covarde e valente
Testando os meus limites.

Quando pensei que ele não me amava
Fiz-me chá de esquecimento,
Mas o amor voltou e reavaliei
O que eu ainda era por dentro...

Hoje o amor ainda viaja,
Eterno andarilho matreiro.
Como se não tivesse destino.

Mal sabe que sou sua asa
E ele
Meu terno menino.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

DELICADEZA

Em tempos tão duros
Em que afeto é artigo
Raro eu paro e penso
Na brevidade de tudo.

Quero ver mais risos largos,
Mais afagos e tragos,
Coisas escondidas na vida
Que se diz sem tempo...

Talvez sentar-me à borda
De algum oceano e divagar
Os enganos, os acertos,
E sem planos viver o instante.

Ser o que fui antes
Sem deixar de ser o que sou agora.
Resgatar a flor selvagem que mora
Num vazio cercada de diamante...

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

ÉTICA

Em tempos cuja batalha,
Mais que o gume da navalha,
É o embate pela pátria,
A defesa das convicções,
Tratam alguns de forma patética
No que se refere
A legalidade, moral e ética
Como se tudo fosse
Uma coisa só.

Sendo ética uma dama,
Há que se tratá-la com respeito.
Sendo um cavalheiro,
Há que se ter o fino trato.
Sendo uma criança
É ela quem nos ensina.

Que no entrave de ideias
No nobre uso da pena
A dialética não é pequena
É a arma que não fere.

Assim para que não se
Destempere
Animos, honras e famílias
Há que ter ética como filha
Num templo
Entre as flores que plantamos
Entre o mel da sabedoria
Como o maior dos amores!