sexta-feira, 30 de setembro de 2016

COMO DEVE SER O PARAÍSO






Como deve ser o paraíso
Aos olhos de uma criança?
Haverá dança, o que será preciso
Para que a felicidade esteja estampada?
Será a paz a plenitude, 
Ou o festejo do reencontro esperado?
Haverá um caminho de folhas amarelas?
E o frescor das tardes entre amigos?
E se o impreciso povoa o coração,
Enquanto as lágrimas da separação 
Ainda caem, somente a fé 
Ensinada pela mãe
Acalenta a criança.
Como deve ser o paraíso?
Que perfume será sentido 
Que tato será perpetuado
Que palavra romperá 
O silêncio do vazio...?

Do pouco que anseio
Pelo acolhimento que pranteio
Apenas uma certeza tenho:

O paraíso
Será o colo
Da minha mãe.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

POESIA MINHA RELIGIÃO


Houvesse em mim uma razão para escrever
Que não fosse o próprio ato da escrita,
Esse exercício louco de lucidez
Que “ad eternum” na alma crepita!
Nenhuma linha de mim
Jamais sairia.

Morressem todos os poetas
De que cor seria a agonia?
Como se expressaria a ilusão da lágrima
Ou até mesmo a morte de uma estrela.

E ainda me pergunto: Por que escrevo?
Quando o mundo cada vez mais
Torna-se monossilábico.

Não há dogma maior
Que emergir 
Da doma 
Da ignorância. 


Percebo que teimo no gracejo de um tango triste,
Enquanto que talvez de fato fosse essencial
Estabelecer se um tango alegre existe.
Se o sol é belo
E a lua é a musa nua da ausência de inspiração.

No meu silêncio
Ainda escrevo,
Talvez seja vício,
Ou um artifício
Da minha própria

Salvação.


(POESIA MINHA RELIGIÃO - Livro Inacabado)