quinta-feira, 21 de março de 2013

TATUAGEM


Tatuada em minha pele
Marcas inexplicáveis de ti.
Uma ilusão que não sorri
Só moderação me impele.

Preciso escutar-te mais

Rever o que tira minha paz
Tornar a ser profana e santa
Como essa sede voraz que se planta...

Na tua retina as impressões indeléveis de nós

As ramificações distantes da mais singela
Caricatura.

Meu lado frágil e que se compraz

Além do desejo voraz
De encantar-te pela ternura.

sexta-feira, 15 de março de 2013

UM ÚLTIMO POEMA DE AMOR




Na derradeira carta que te entrego,
Nesse amor que já não nego,
Teço a despedida e meu desapego.
Perdoa-me todo o bem que te quis...
Não pude fazer-te feliz,
Nem consegui aceitar as limitações da tua alma.
De forma calma
Deixo meu desabafo, um lastro no céu
Que nem alegre, nem triste
Insiste num azul tão blue
Enquanto prefiro o rosa do entardecer.
E quando em nós o amor resplandecer
Quem sabe num futuro promissor
Possamos falar de amor como fazíamos
Retomado o riso e filosofado
Sobre a infinitude do paraíso.
Devolvo-te as outras cartas
As tuas juras, e quanto às fissuras no teu peito
Saiba: uma a uma costurarei,
Com linha de brilhantes,
Para que ilumine a tua escuridão.

Por fim, em verso me despeço,
Com um beijo que não te seja
O gosto da morte.
Desejando-te felicidade no caminho
E toda a bonança da sorte,
Desatando o laço de cetim
Que te unia
A mim.

segunda-feira, 11 de março de 2013

O MUNDO NAS MÃOS





Tivesse o mundo nas mãos, não, não a lua, com sua luz tão nua, nem o sol, esse farol
A queimar a carne crua, faria um balé de fé, um ato humano que se fizesse divino.
Convidaria as águas, os prados, as encostas, os meninos que correm, as meninas 
Que riem o riso singelo daqueles que se descobrem pelas estradas em suas
Vontades estampadas, no pleito delicado sobre a vida tão bruta.

Pudesse dizer-te o que sinto, mas apenas seguro teu mundo nas mãos,
Sem que qualquer lapso distinto do que sou, sim - o que sou eu asseguro,
Luz além do murro que te percorre, quando nada mais te socorre  - a paz rebelde.
Um tanto ferido sou esse ser, muito arredio em confessar o inenarrável,
Posto que parece execrável repetir a mesma ladainha sempre, e sempre e sempre...

Não explicaria mais nada, só dançaria na ponta dos pés para que não me ouvisses
Nem chegando ou partindo no espetáculo da vida.

Quisera ser o beijo da flor
E possuir o tempo em meus movimentos
Para o gozo do mundo
Em meu louvor e seu contentamento.

segunda-feira, 4 de março de 2013

PARADA NO TEMPO




Não viverei parada no tempo
Contemplando um retrato preto e branco,
Acuada no canto da memória,
Remoendo a mesma história.

Não. Mil vezes não eu repetiria
O mesmo verso a nostálgica poesia
Mas aquilo que era antes
Passou.

Em cada negação minha
Em cada ai
A cor não volta, e a paz...

...Segue pela avenida
Polida
Dizendo...Nunca...Jamais.

domingo, 3 de março de 2013

ERA UMA VEZ




Pode ser que eu nunca mais te veja
E seja um corpo que deseja o teu amor...Tanto ainda demais!
E que a paz seja mesmo esse fogo que ardeja, a saudade que lateja
Nos confins dos meus infinitos ais.
E que eu me recorde de quando te tive
Como algo que vive ainda queimando dentro de mim
E que um sem fim de coisas ainda precise dizer
Antes que se decrete o nosso fim.

Pode ser que eu nunca mais te veja
E que derrame um rio de sal na imensidão
Que meu coração doente não suporte e tente
Encontrar-te nas fissuras da paixão.
E que eu ainda que diga que não quero
Perceba no teu singelo silêncio um sim
E caminhe em direção do horizonte
Sabendo que o amor ainda pensa em mim.

E que teu corpo me encontre
Em alguma ponte entre as pedras que esculpi
E que meu grito rompa toda essa falta
Que eu sinto de algo que nem sei
Se ainda é possível existir.

Pode ser que um dia
Tudo esteja além do futuro ou passado.
E que eu seja o teu presente
O teu anseio mais desejado
E que meu riso latente
Te faça
Meu eterno namorado.

sexta-feira, 1 de março de 2013

DENTRO DE MIM




Se eu pudesse ouvir tuas palavras,
A lavra da vinha do teu coração
Eu sinto  - viveria esse amor sem fim.

Flertaria a paixão sem enfado,
Em algum prado, onde busco teus olhos.
E se minha camisa eu molho pela solidão,
Esse meu desejo de ter-te além da ilusão,
Possuo-te em um recanto bucólico de mim.

A única coisa que posso dizer-te
É que teu corpo jamais conheceria
Da desventura da noite fria.
Somente da poesia, do canto...
Das fissuras do mais puro som de bandolins.

Dançaria sob sóis e outras estrelas,
Brincaria entre uvas e cerejas,
Faria um recital só pra te ver feliz!

Assim, quando a primeira brisa chegasse
E não mais a ansiedade imperasse
O amor restaria feito.

Como o amor que faço
Num rasgo entre o sagrado e o profano!
No profundo em que te guardo
Dentro do meu peito.