Como perscrutar a solidão e o tempo, quando o sentido de
todas as coisas
Torna-se vazio diante da ausência imposta? Digo isso apesar do
silêncio das palavras.
Algum oráculo, talvez, compreenderia a aflição diuturna de uma
conexão sensível demais?
E se meus apelos são cantigas, calariam a música cujo verbo se faz não dito,
E o mais melancólico diálogo suprimido?
Fui ao chão sem sair de mim,
Um furacão atemporal é o estopim
Das tempestades da alma...
Enfim, revela-se a síntese do meu estado de espírito:
Tergiversando estou, em busca do alívio de minhas
indagações.
Percebo-me absorta além do devaneio: em alguma bruma, de
folhas esmaecidas,
Com gotículas e borbulhas refrescantes... Onde tudo é
passageiro,
A ira, a decepção e o amargor, sendo que o perdão precisa ser o fim de
tudo.
(Ainda que o fim seja um novo princípio)
Olho nos olhos do tempo, devorador de sentimentos,
Como se cada parte de mim flutuasse para depois deste
instante.
As coisas mais delicadas me representam.
Os defeitos mais
imperfeitos me representam...
Todo o muito, o incomensurável e inestimável...
Muito pouco
De mim é matéria, dou-me à leveza
Da borboleta que me guia.
Na verdade
Eu habito
A não substância
Também denominada... Poesia...