segunda-feira, 18 de setembro de 2017

ELEGIA

Como perscrutar a solidão e o tempo, quando o sentido de todas as coisas
Torna-se vazio diante da ausência imposta? Digo isso apesar do silêncio das palavras.
Algum oráculo, talvez, compreenderia a aflição diuturna de uma conexão sensível demais?
E se meus apelos são cantigas, calariam a música cujo verbo se faz não dito,
E o mais melancólico diálogo suprimido?
Fui ao chão sem sair de mim,
Um furacão atemporal é o estopim
Das tempestades da alma...
Enfim, revela-se a síntese do meu estado de espírito:
Tergiversando estou, em busca do alívio de minhas indagações.
Percebo-me absorta além do devaneio: em alguma bruma, de folhas esmaecidas,
Com gotículas e borbulhas refrescantes... Onde tudo é passageiro,
A ira, a decepção e o amargor, sendo que o perdão precisa ser o fim de tudo.
(Ainda que o fim seja um novo princípio)

Olho nos olhos do tempo, devorador de sentimentos,
Como se cada parte de mim flutuasse para depois deste instante.
As coisas mais delicadas me representam.
Os defeitos mais imperfeitos me representam...
Todo o muito, o incomensurável e inestimável...

Muito pouco
De mim é matéria, dou-me à leveza
Da borboleta que me guia.

Na verdade
Eu habito
A não substância
Também denominada... Poesia...