sexta-feira, 16 de outubro de 2020

ROSAS VERMELHAS

 



Saberia do gosto da rosa

O nome da flor em prosa

Que de rosa goza da cor

E deleita-se de ser amor.


Saberia porque recorda

O verde da folha e olha

O vermelho dessa seda

Da carne e de seu liquor.


Apetece, e aquece o céu

Entre nuvens de cetim

Onde perfumes te absolvem.


De ser servo sob o véu da flor

Entre o verde e o azul sem fim

Dos olhares do meu amor.

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

O AMOR, A FÉ E A ESPERANÇA

 

A tarde sempre me sorri as dezesseis horas, mesmo quando o meu peito chora. Talvez porque meu coração viva de saudades.

Nesses dias em que adoço meu café com melancolia sinto o calor das asas do céu. Elas me abraçam quando eu não consigo caminhar por mim mesma, sustentar o peso sob meus ombros, nem discernir os porquês das dores.

É nestas horas que Deus me abraça.

Quando eu procuro compreender meu propósito, minha pequenez, Ele vem e me leva mansa e pacificamente através do vale das sombras, apesar da minha ínfima compreensão da Sua graça.

Olho os campos dentro de mim. Estes que foram criados pelas mãos divinas. As plácidas águas que após as tempestades se realinham.

Torno a olhar para minha pele calejada pelas feridas de dentro, aquelas que fui calando para ser a fortaleza quando eu ainda não havia tido tempo de nutrir meu espírito de colo.

E nestas horas em que o sal da terra recobre meus sonhos, ainda tantos e busco, no pranto uma esperança, um sopro de conforto Ele me abraça.

Alguns dias mais, outros de forma tão automática que me pego falando em Seu nome palavras de amor e afeto. Entregando infindos momentos de louvor íntimos, onde duas linhas de Sua palavra se tornam edifício concreto em minha morada.

Luto diariamente pela ternura para que ela adoce meu café.

Pela fé para que ela alimente minha alma.

Para que a esperança seja meu berço e que eu possa levá-la amorosamente.

Nessas horas, talvez, compreendo algum motivo desse lapidar continuo, que nos torne mais dignos, serenos e afetuosos.

É neste instante que Deus se deixa abraçar por mim.

terça-feira, 2 de junho de 2020

NAMORADOS



Quando o amor esculpiu-me plácido
O Cupido nos jardins da ternura
Embevecido da candura
Também por mim se enamorou.

Fulguram-me as estrelas de Órion
Nesta paixão que nos arrebata.
Adentramos a mata fresca 
Ocultamo-nos na poesia.
No remanso onde repouso desvelo
Delicados gestos que revelo
Pouco a pouco, posto que nada tem fim
Tampouco destino.

Em teu corpo eu selo rosas.
Planto perfumes como deuses astronautas
Apodero-me tacitamente 
Dos teus altares.

E o silêncio quando coloriu o mundo
Veio depois
Que mergulhastes 
Em mim, no profundo do meu azul
Para, que enfim
Corpo e Alma
Cantassem
A mesma canção...