A tarde sempre me sorri as dezesseis horas, mesmo quando o
meu peito chora. Talvez porque meu coração viva de saudades.
Nesses dias em que adoço meu café com melancolia sinto o
calor das asas do céu. Elas me abraçam quando eu não consigo caminhar por mim
mesma, sustentar o peso sob meus ombros, nem discernir os porquês das dores.
É nestas horas que Deus me abraça.
Quando eu procuro compreender meu propósito, minha pequenez,
Ele vem e me leva mansa e pacificamente através do vale das sombras, apesar da
minha ínfima compreensão da Sua graça.
Olho os campos dentro de mim. Estes que foram criados pelas
mãos divinas. As plácidas águas que após as tempestades se realinham.
Torno a olhar para minha pele calejada pelas feridas de
dentro, aquelas que fui calando para ser a fortaleza quando eu ainda não havia
tido tempo de nutrir meu espírito de colo.
E nestas horas em que o sal da terra recobre meus sonhos,
ainda tantos e busco, no pranto uma esperança, um sopro de conforto Ele me
abraça.
Alguns dias mais, outros de forma tão automática que me pego
falando em Seu nome palavras de amor e afeto. Entregando infindos momentos de
louvor íntimos, onde duas linhas de Sua palavra se tornam edifício concreto em
minha morada.
Luto diariamente pela ternura para que ela adoce meu café.
Pela fé para que ela alimente minha alma.
Para que a esperança seja meu berço e que eu possa levá-la
amorosamente.
Nessas horas, talvez, compreendo algum motivo desse lapidar
continuo, que nos torne mais dignos, serenos e afetuosos.
É neste instante que Deus se deixa abraçar por mim.
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