domingo, 15 de janeiro de 2012

ILUMINA-TE



Pugnastes a salvação dos dias, dos olhos.
E fingistes que já não mais me vias.
Em vias escuras de suposições abstratas
Das tênues nuances em que o nada tudo podia
Tua pele ardia da paixão que ainda te queimava.
Respaldei-me em Deuses, em anjos, em doses de morfina
Rogando por toda sublimação que outrora fora pretendida
Mergulhei em profanas lacunas de vento
Para que os fantasmas te dissessem
Acalma teu ser, é tempo de apaziguamento,
Mas a mensagem que entendestes fora outra e
Enclausurastes teu passo em teu próprio cárcere,
Pronto para atirar o punhal em minha alva face
E lançar sangue em terra santa.
Ficastes acuado, quando o que eu te dizia
Era que era eu quem tinha medo.
Segue em paz eu não sou bélica rosa.
Já estou longe em outras terras,
Em outros ventos de prosa
Onde sinto a brisa qual um novo pulso de sentir
A do amor possível.
A do amor tangível.
Assim, livre da loucura
Cravejo as estrelas de brilhantes
Para que iluminem o meu caminho.
Rogo ainda aos monges, que ouvem a minha confissão
Para que a mesma felicidade que me abraça
Redima-te da nossa imperfeição.
Encurtei o dia e fui para uma sombra fresca
De água cristalina.
Daqui a muitas luas, quando a vida tiver passado,
E minha alma madura de ouvir o canto dos pássaros,
Já terei escrito meus encantamentos.
De ti não saberei o que houve, se recuperastes a chama da vida,
Se tua pena foi branda, se cicatrizou a ferida,
E talvez me chegue algum mensageiro,
Dizendo-me que o perdão tornou-te nobre e relatando tua bela prole.
E, quem sabe, após minha passagem, sem drama, sem dó
Eu sopre ao teu ouvido, retornando ao pó
Que quando a luz se apagou
Eu não estava mais só.

Nenhum comentário:

Postar um comentário