quarta-feira, 15 de agosto de 2012

TRANSFORMAR




Quando as asas que tinha
Eram presas as casas que via
Aos campos sem cor
Aos prazeres sem calor
Aos desejos sem sabor
Deixei-me sem voo.

Hoje serena sou mais que solo
Hoje pequena requeiro um colo
Que não me veja menos do que sou
Que não me queira menos do que vou
Dar-me ao meu próprio direito de querer.

E por mais que ainda me cerquem paredes
Eu concebo as minhas fomes, minhas cedes
E meço cada uma das minhas redes
Nas quais lanço as flores
Recolho as dores e semeio
Em meu seio
O florir para novos amores.

E por mais que eu ainda seja partida
Um dia serei a chegada requerida
Um canto nosso que se faça doce orvalho
E que te ame a noite inteira
Adormeça em teus braços
E recomece na manhã
Tudo novamente no assoalho.

Um comentário:

  1. Como alguém angustiado vai entender os gestos e o coração dessa pequena preta que tanta falta me faz?

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