segunda-feira, 15 de abril de 2013

ROCOCÓ




Amei e amo sem dó. Em gala me aprumo, na sala me arrumo
Lindamente ainda que só. E se o baile me pretende, se a vida
Me desprende de seu nó, dando guarida a felicidade -essa voz,
Canto nos campos áureos o som do meu próprio gozo- pomposo
Ser que me acompanha na sanha da época da luz.
Enfeito-me, dama e bailarina, mulher e menina,
Deleito-me com as formas do espelho, o batom vermelho,
E o sim de mim a ti derramo enquanto arranho a melodia
De um bandolim num violino que aceita meu devaneio.
Amei e amo sem dó, escrevo mil cartas de amor,
Entrego-me na pureza da flor - que encontra a abelha
E que sabe que a centelha do amor não se apaga.
Amor que é amor não divaga, transforma a saga
Da existência e do ser...Evolui o estilo-lapida-se.
Amei e amo sem dó, sem clemência ou truculência.
Apenas preparo o solo, acolho meu pó
E flutuo com meus pincéis de ternura.

Delicadamente tão rococó,
Perfilando os meus desejos,
Que ei de satisfazê-los- porque
Amei e amo
Sem dó.

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