terça-feira, 10 de abril de 2012

CONSTELAÇÃO SAGRADA DO AMOR




Os pergaminhos dos céus vieram-me cedo, além do medo,
E do peso do nada que me arqueava pelas letras ocultas,
Pelo amor que não se falava, mas se sentia além das palavras.
E sem nada dizer como quem tudo tivesse vivido e sido era
Amorosamente o instante amante desse corpo divagante.
Naquele silêncio o amor era perfeito,
Talvez porque compreendesse
Seus próprios defeitos,
Porque aceitava o que emanava do peito.
E assim passavam as estações, vinha na primavera,
Colhendo-me flor que era, queimava-me no verão,
Suplantava-se no abandono do outono.
Para recobrir-me de sublimação.
O amor ainda não me encontrou no inverno.
Não houve tempo.
É possível que até lá, eu me transforme.
Que seja parte de outro firmamento.
Que celebre a sombra da luz que se apaga,
Que invoque outra estrela, a alma que afaga
E o cometa que divaga o devaneio da devoção.
Que se refaça muito além
Do mal e do bem,
Do agora e do porvir, que passe a rir
Que deixe de se lamentar da solidão.
Que encontre o sagrado de mim
Que desenhe sem enfado esse fim
Que me complemente além da paixão.

Que estremeça o linho que me deita,
Piedosamente...quieto.
Tornando-me, enfim,
Um espírito completo.

Imagem de Serge Marshenninkov 









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