quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O Infinito de Mim




Eu conheço tuas batalhas, revoltas, tempestades.
Todas as lembranças que tenho de tempos
Em que não fazíamos perguntas, adivinhávamos
Um ao outro por total sincronicidade.
Mas já não ouço as mesmas canções, não leio
Os mesmos poemas, sou uma total estranha de mim, de ti,
Dos ideais pretéritos, dos sonhos e expectativas.
Meu amor está preso a outras vidas, outras eras.
E assim olhando a mesma estrada
Na qual nos apaixonamos sinto que o cristal quer, por vezes,
Reunir as partículas de nós. Ainda seria possível? Ainda haveria tempo?
Minha alma está em carne viva sentida.
Sendo o amor de ato de amar sem princípio ou fim
Em qual parte da viagem nos perdemos?
É como se não falássemos mais a mesma língua,
E em labirintos de uma torre de babel cada um estivesse.
Sem água, sem pão, em opostos lados da mesa
À míngua de recordações, meu amor ficou no passado, no entendimento apartado
Na reverência da imperfeição.
Sem poesia, sem filosofia à mercê dos abutres de espíritos
Das mundanas sensações, desprendendo-se de nós, pela interferência da multidão.
Estás no mesmo campo de batalha, mas em trincheiras abaixo do céu
Onde teu corpo se esconde. Eu, estou acima das terras,
Afagada pelo vento, indomado fogo que sou. Eu vôo nos prados, enquanto você cavalga.
E observo as desconhecidas carnes, os cheiros, as cores das especiarias, e experimento tudo.
Cada movimento literal dos jardins e dos espelhos de água. A dança das águas.
Qual abelha em almeja  construir favos de mel, o novo mel dos homens.
Em busca da perfeita flor a se extrair o néctar da vida, e sorver cada gota de poesia.
Sou dama medieval em lagos profundos em que abrigo tua espada.
Entre o sacro e o profano faço o meu amor, em modo de ser próprio.
Preciso do processo dialético, de sentir vida em meu silêncio milenar,
De voltar às minhas raízes extracorpóreas, no meu próprio altar, pois
Insaciável sou em fome e sede de conhecimento, de trilhar outros caminhos,
Sou o sentir do amor e dor exacerbados, em epiderme densa, minha armadura se parte.
E a olhos nus resto segurando ventrículos e válvulas, visceralmente mortificada para ressurgir
Em desencontro de ti arranco do peito o coração, que ainda bate vivo em minhas mãos...

Um comentário:

  1. simplesmente lindo querida poetisa elevando comigo para meu blog.

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