segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A ARTE DE DESEJAR







Não queria dar-me em beijo. Esse quase misterioso ato de conjunção.
Encontro meteórico.
Trafego centenas de quilômetros em teu corpo, só, já fazendo parte de ti, em meu sonhar acordada.
E chego...no sentir...da arte de desejar... através de um gesto que conquiste teu espírito,
E que te faça faminto por romper com as estruturas postas, dando-se em entrega incondicional.
Somos Adão e Eva, os únicos, a povoar o paraíso de nós mesmos, em choque de astros dilacerados pelo querer.
No instante que tu permeias o mar de mim e as ondas dos meus cabelos, que te percas entre o espaço do queixo e do colo.
Nada que possuo é em vão. Nenhum estado, nenhuma dúvida. Tudo é milimetricamente significante.
Eu que tanto resisti a dar-me e a perceber as emanações, olhares, essas expectativas do depois, quando sequer houve um antes, um agora, resto rendendo e rendida, caça e caçadora.
Somos produtos de exasperações, de ausências, de vazios e dores, de outros amores, ou de nenhum amor.
Como controlar o sangue que me corre nas veias?
Sei que percebes minha aura.
Já são tão teus os meus lábios, os quais inocentemente por mim restaram guardados.
Qual éter sou o sussurro em ti, e este hálito que te estremece a alma.
Em cantos sutis de ti dá-se o ato, na superfície da tua face, em disfarce do que a linha não descreve, neste breve silêncio de palavras quando bocas se encaixam.
Não há mais fala.
Só ouço a música.
Assim, tudo começa e nem tudo termina, em salas, quartos, recônditos.
Tantas vezes, olhando o horizonte em busca de compreensão, observo-te, tu que sois  uma miragem, a qual já não tento desfragmentar, e a ti me entrego.
E sigo assim, em sofreguidão de tantas vontades... dos meus ensejos de transpor os espaços...
E o "nunca hei de querer-te", antes dito por esta boca que te beija, resta aos meus pés caído, repisado em lágrimas que me escorrem, vendo a razão arrebatada pelo torpor da guerra perdida pelo desejo...insano e sem explicação...

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